Escritório do Chefe do Departamento de Mistérios

"Nós do Profeta Diário temos uma política muito clara: somos agentes da verdade e da informação. É nosso dever informar a você tudo o que pudermos"... Lothar emite um pequeno som de desdém, rolando elegantemente o profeta diário com um aceno de sua varinha e o depositando de volta à mesa do chefe de departamento. A sala estava vazia atualmente, uma pequena benção em um típico dia monótono no ministério. Os olhos castanho avermelhados escaneiam o ambiente com a confiança tranquila de um predador à espreita, não que Greenberg tivesse nenhum alvo em específico. O descarte casual do profeta, com matérias que o deixavam ligeiramente ofendido pela comunidade bruxa, é demonstração de seu descaso pela ordem com que as coisas estavam seguindo no mundo bruxo. Ou a falta dele. Conceitos primordiais da cultura bruxa deixados de lado por uma pretensão de "acolhimento" da cultura trouxa. Para Lothar, trouxas eram meios para um fim, e suas esquisitices não deveriam ser nem consideradas na cultura bruxa. O que ele via agora era uma deturpação dos preceitos bruxos, como aquela abominação chamada de "varinhas genéricas". Ah, como ele gostaria de ter acesso à senhorita Merigold, e saber quanto tempo o corpo de um bruxo poderia se regenerar de danos internos com ajuda de poções, sem sofrer alguma sequela. Essa sim seria uma pesquisa interessante do ponto de vista acadêmico, e não a bobagem sobre a forma do seu patrono corpóreo que acabara de ler no jornaleco decadente.

Descartando esses pensamentos, Greenberg caminhou suavemente pela sala, catalogando os objetos mágicos em volta, perguntando-se de suas intenções. Olhou para o quadro vazio por um momento, pensativo, e então ergueu a varinha e murmurou - Accio chaves. - mas é claro que nada se conjurou. Ele não esperava. Mesmo assim, a paciência de Greenberg era a de um pescador, e ele não desistiria ao descobrir onde estavam as chaves para a única sala a que ele não tinha acesso: a sala das profecias.

Afinal, para toda a ordem existia um caos, e o caos havia sido suprimido  com a ascensão de Potter e seus amigos ao poder. Era papel de homens como Lothar trazer de volta o caos ao mundo bruxo, assim restaurando o equilíbrio na sociedade bruxa. Além disso, ninguém poderia negar que o loiro não prosperasse no caos. E se ele estivesse certo, havia uma profecia em algum lugar daquela sala que lhe daria a justificativa para iniciar um movimento.

Com um último sorriso, Lothar virou as costas e saiu da sala.

.